Ayrton Senna já era campeão, mas não se preocupou em apenas desfilar pelo circuito de Adelaide. Chegou e cravou a pole position nos treinos. Foi a pole número 60 da carreira do piloto, com Gerhard Berger, seu companheiro de equipe, completando a primeira fila com sua McLaren, três décimos de segundo atrás. O vice-campeão, Nigel Mansell, largava em terceiro. Com a outra Williams, Patrese ficou em quarto.
Para a prova, Ayrton ainda tinha um desafio extra (além de mais uma vitória, claro): precisava ajudar a McLaren a vencer o campeonato de construtores, que tinha a Williams na liderança, com 11 pontos à frente. A disputa seria ponto a ponto em Adelaide.
“Não vim aqui só para comemorar meu tricampeonato, vim para fazer o melhor que sei. A temporada só termina depois desse Grande Prêmio”
O final de semana que parecia tranquilo pelo campeonato de pilotos, decidido na etapa anterior, possuía notícias quentes nos bastidores. Alain Prost havia saído da Ferrari antes mesmo do GP da Austrália. Gianni Morbidelli, piloto de testes da escuderia italiana, entrou no lugar do francês, que posteriormente iria tirar um ano sabático em 1992.
No domingo, a tranquilidade passou mais longe ainda das ruas de Adelaide. A largada ocorreu debaixo de muita água. A chuva era tanta que os pilotos precisavam realizar acrobacias para se manter na pista.
É claro que Senna, ou o “senhor das chuvas”, como o chamou um jornal de Adelaide, manteve o comando desde a partida. Mansell ficou perto de Ayrton durante a prova. Os campeões mundiais passavam nas retas e curvas cheias de detritos e carros batidos que não haviam sido retirados da pista, algo completamente incomum para as medidas de segurança que são adotadas hoje na Fórmula 1. Ricardo Patrese, por exemplo, chegou a um determinado momento arrastar pedaços da asa de outro carro embaixo da sua Williams!
Na sexta volta, Michael Schumacher, então estreante naquele ano, com a Benetton, bateu em Jean Alesi, em um acidente envolvendo também Nicola Larini e Pierluigi Martini.
Ayrton foi o único líder nas dezesseis voltas da corrida. Mansell acabou encontrando o muro pelo caminho, Berger rodou duas vezes seguidas na mesma volta. O brasileiro Maurício Gugelmin acertou o muro dos boxes e por pouco não provocou um acidente mais sério, com dois comissários quase sendo atingidos. Senna, no mesmo tempo em que rasgava a reta dos boxes, fazia sinal com a mão direita solicitando a interrupção da prova. No final da volta seguinte, a corrida foi parada. De fato, as condições para pilotar um F-1 debaixo de tanta água eram impraticáveis – como o próprio “rei da chuva” indicava.
Sem acordo para o reinício de prova, foi computada a classificação até a 14ª volta, atribuindo a metade da pontuação a pilotos e carros. A prova é considerada a mais curta em duração da história na categoria. No total seriam percorridas 81 voltas.
“Cometemos hoje o erro de termos começado a corrida”, afirmou Ayrton Senna após a prova.
Ayrton Senna, tricampeão, fechou a temporada de 1991 com sete vitórias, doze pódios e 96 pontos. Foi a 33ª vitória dele na história da F-1, colaborando para mais um título de construtores para a equipe McLaren.
Gp dA AUSTRÁLIA
1º
Ayrton Senna
2º
G. Berger
3º
N. Mansell
4º
R. Patrese
5º
N. Piquet
6º
M. Schumacher
7º
J. Alesi
8º
G. Morbidelli
9º
S. Modena
10º
P. Martini
11º
J. Lehto
12º
A. de Cesaris
13º
E. Pirro
14º
M. Gugelmin
15º
M. Alboreto
16º
A. Zanardi
17º
M. Blundell
18º
R. Moreno
19º
N. Larini
20º
T. Boutsen
21º
J. Herbert
22º
E. Comas
23º
A.Caffi
24º
S. Nakajima
25º
M. Hakkinen
26º
K. Wendlinger
14
voltas
26
carros
6
abandonos
1’41”141
volta mais rápida
1º
tempo chuvoso
Pódio
1º
Ayrton Senna
2º
N. Mansell
3º
G. Berger
1º
Posição de final
1º
posição no campeonato após a prova
1º
posição de largada
5
pontos somados no campeonato
1’42”545
melhor volta